terça-feira, 10 de março de 2009

O que é Inclusão Digital


"Inclusão Digital" é a denominação dada, genericamente, aos esforços desenvolvidos por governos, organizações do terceiro setor e empresas no sentido de possibilitar às pessoas:

# obter os conhecimentos necessários para utilizar, com um mínimo de proficiência, os recursos das Tecnologias de Informação e da Comunicação existentes;
# dispor de acesso físico regular a esses recursos.

As estruturas e o funcionamento da sociedade contemporânea estão sendo significativamente alteradas pelas TIC de tal forma que favorecer a todos cidadãos o acesso a esses meios é um importante passo no combate à exclusão social.

No entanto, há uma discussão emergindo sobre o uso do termo "inclusão digital". Existe, por exemplo, a crítica à banalização do termo, especialmente por conta da exploração política oportunista. Há também o "modismo" vinculado ao uso sensacionalista da expressão.

Mas já que se caminha por essas trilhas, seria enriquecedor apurar os significados atribuídos ao termo, para que assim se possa anular possíveis "explorações", trazendo-o para um contexto sócio-político concreto do país, que o requisita em toda a sua profundidade e possibilidades. Aqui, estamos nos propondo a iniciar um percurso com esse objetivo.

O Prof. Dr. Sérgio Amadeu, que já foi presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação(ITI) e uma das figuras mais respeitadas na comunidade de software livre internacional ainda completa:

É possível distinguir a inclusão digital como o acesso:
# à rede mundial de computadores (computadores conectados a um provedor);
# aos conteúdos da rede (pesquisa e navegação em sites de governos, notícias, bens culturais, diversão, etc);
# à caixa postal eletrônica e à modos de armazenamento de informações;
# às linguagens básicas e instrumentos para usar a rede (MP3, chat, fóruns, editores, etc);
# às técnicas de produção de conteúdo (html, xml, técnicas para a produção de hipertexto, etc);
# à construção de ferramentas e sistemas voltados às comunidades (linguagem de programação, design, formação para desenhar sistemas, etc)

Em geral, a maioria dos programas de inclusão digital estão voltados apenas ao acesso à conexão, esquecendo que se trata de um passo inicial. Não é à-toa que durante o início do século XXI visualizamos a proliferação de inúmeros projetos de totens – computadores embutidos em caixas, quase sempre para uso em pé e sem nenhuma possibilidade de utilização de aplicativos, além do browser – como a grande saída para a inclusão digital. Estes projetos portavam uma concepção bem reduzida do que deveria ser o acesso à informática e à Internet.

Além disso, o controle dos padrões, das linguagens e dos protocolos de conexão devem ser públicos e o menos oneroso possível para as sociedades pobres ou em desenvolvimento. Incluir digitalmente é um primeiro passo para a apropriação das tecnologias pelas populações socialmente excluídas com a finalidade de romper a reprodução da miséria. O compartilhamento do software e demais produtos da inteligência coletiva é decisivo para a democratização dos benefícios tecnológicos e precisa ser incentivado. Desse modo, as políticas de inclusão digital não podem servir a manutenção e a expansão do poder das mega-corporações do localismo globalizado (Souza Santos).

Devem incentivar a desconcentração de poder e não os monopólios. Devem incentivar o desenvolvimento e autonomia das localidades, regiões e nações pobres e não sua subordinação às cadeias de marketing do mundo rico. Devem incentivar a liberdade e não o aprisionamento às redes privadas. Devem consolidar a diversidade e não a monodependência. Deve ser Software Livre.

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